Caio Fernando Abreu

"Depois de todas as tempestades e naufrágios, o que sobra de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro." Caio Fernando Abreu

29 novembro 2008

Mar português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Imagem

Tão brando é o movimento
das estrelas, da lua,
das nuvens e do vento,
que se desenha a tua
face no firmamento.
Desenha-se tão pura
como nunca a tiveste,
nem nenhuma criatura.
Pois é sombra celeste
da terrena aventura.

Como um cristal se aquieta
minha vida no sono,
venturosa e completa.
E teu rosto aprisiono
em grave luz secreta.

Teu silêncio em meu peito
de tal maneira existe,
reconhecido e aceito,
que chega a ficar triste
de vê-lo tão perfeito.

28 novembro 2008

Recomeçar

Não importa onde você parou...
Em que momento da vida você cansou...
O que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar".

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e o mais importante...
Acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado...

Chorou muito?
Foi limpeza da alma...

Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...

Sentiu-se só por diversas vezes?
É porque fechaste a porta até para os anjos...

Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora...
Pois é... Agora é hora de reiniciar... De pensar na luz...
De encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal
Um corte de cabelo arrojado... diferente?
Um novo curso... ou aquele velho desejo de aprender a
pintar... desenhar... dominar o computador... ou qualquer outra coisa...

Olha quanto desafio...
Quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te esperando.

Ta se sentindo sozinho?
Besteira... tem tanta gente que você afastou com o
seu "período de isolamento"...
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para "chegar" perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza...
Nem nós mesmos nos suportamos...
Ficamos horríveis... o mal humor vai comendo nosso fígado...
Até a boca fica amarga.

Recomeçar...
Hoje é um bom dia para começar novos desafios.

Se eu fosse apenas...

Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa
e não te sei dizer mais nada!
Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento
vais desfazendo a minha vida!

Perdoa-me causar-te a mágoa
desta humana, amarga demora!
– de ser menos breve do que a água,
mais durável que o vento e a rosa...
(Melhores Poemas – 12ª. edição)

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como essas nuvens do céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...

26 novembro 2008

pensamentos...

Amor
Amo como o amor ama
Não sei razão para amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,
Se o que quero dizer-te é que te amo?

Sonho
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte –
Os beijos merecidos da Verdade.

Saudade
O que me dói não é
O que há no coração
Mas essas coisas lindas
Que nunca existirão...

25 novembro 2008

Quero viver em liberdade


Abram-me todas as janelas!
Arranquem-me todas as portas!
Puxem a casa toda para cima de mim!
Quero viver em liberdade no ar,
Quero ter gestos fora do meu corpo,
Quero correr como a chuva pelas paredes abaixo,
Quero ser pisado nas estradas largas como as pedras,
Quero ir, como as coisas pesadas, para o fundo dos mares,
Com uma voluptuosidade que já está longe de mim!
Não quero fechos nas portas!
Não quero fechaduras nos cofres!
Quero intercalar-me, imiscuir-me, ser levado,
Quero que me façam pertença doída de qualquer outro,
Que me despejem dos caixotes,
Que me atirem aos mares,
Que me vão buscar a casa com fins obscenos,
Só para não estar sempre aqui sentado e quieto,
Só para não estar simplesmente escrevendo estes versos!
(de 'Saudação a Walt Whitman – Álvaro de Campos)

Segue o teu destino

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.
A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
(de 'Odes de Ricardo Reis)

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
Como tem tempo, não tem pressa...
(de 'Cancioneiro')

Eros e Psique


Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,

E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
(de 'Cancioneiro')

Eu amo

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
(de 'Poesias Inéditas')

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve, 
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve.
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

24 novembro 2008

Canção do dia de sempre

Hoje queria um dia feito de horas de oferecer. Porque há dias diferentes. Dias especiais em que queremos encomendar o sol, a luz do horizonte, a doçura do ar. Tudo feito por medida, ao jeito de quem o irá desfrutar. Queria oferecer um dia hoje. Um dia perfeito. Embrulhado em momentos guardados. Talvez com uma fita cor de certeza calma, e um laço pleno de voltas cúmplices. Só um dia. Dado assim, porque hoje é dia de dar só um pouquinho mais. 

(*)não tenho certeza se é de Mário Quintana

O canteiro está molhado

O canteiro está molhado.
Trarei flores do canteiro,
Para cobrir o teu sono.
Dorme, dorme, a chuva desce,
Molha as flores do canteiro.
Noite molhada de chuva,
Sem vento, nem ventania,
Noite de mar e lembranças..."

Vivi e ainda vivo

Já perdoei erros quase imperdoáveis,
tentei substituir pessoas insubstituíveis
e esquecer pessoas inesquecíveis.

Já fiz coisas por impulso,
já me decepcionei com pessoas quando 
nunca pensei me decepcionar, 
mas também decepcionei alguém.

Já abracei pra proteger,
já dei risada quando não podia,
fiz amigos eternos,
amei e fui amado,
mas também já fui rejeitado,
fui amado e não amei.

Já gritei e pulei de tanta felicidade,
já vivi de amor e fiz juras eternas,
“quebrei a cara muitas vezes”!

Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
já liguei só para escutar uma voz,
me apaixonei por um sorriso,
já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial
 (e acabei perdendo).

Mas vivi, e ainda vivo!
Não passo pela vida…
E você também não deveria passar!

Viva!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
abraçar a vida com paixão,
perder com classe
e vencer com ousadia,
porque o mundo pertence a quem se atreve
e a vida é “muito” pra ser insignificante.
(dizem que é de Charles Chaplin)

23 novembro 2008

Contemplação

Não acuso. Nem perdôo.
Nada sei. De nada.
Contemplo.
Quando os homens apareceram,
eu não estava presente.
Eu não estava presente,
quando a terra se desprendeu do sol.
Eu não estava presente,
quando o sol apareceu no céu.
E antes de haver o céu,
Eu não estava presente.

Como hei de acusar ou perdoar?
Nada sei.
Contemplo.

Parece que às vezes me falam.
Mas também não tenho certeza.
Quem me deseja ouvir, nestas paragens
onde todos somos estrangeiros?

Também não sei com segurança, muitas vezes,
da oferta que vai comigo, e em que resulta,
pois o mundo é mágico!
Tocou-se o Lírio, e apareceu um Cavalo Selvagem.
E um anel no dedo pode fazer desabar da lua um temporal.

Já vês que me enterneço e me assusto,
entre as secretas maravilhas.
E não posso medir todos os ângulos do meu gesto.

Noites e noites, estudei devotamente
nossos mitos, e sua geometria.

Por mais que me procure, antes de tudo ser feito,
eu era amor. Só isso encontro.
Caminho, navego, vôo,
– sempre amor.
Rio desviado, seta exilada, onda soprada ao contrário,
– mas sempre o mesmo resultado: direção e êxtase.

À beira dos teus olhos,
por acaso detendo-me,
que acontecimentos serão produzidos
em mim e em ti?

Não há resposta.
Sabem-se os nascimentos
quando já forem sofridos.

Tão pouco somos, – e tanto causamos,
com tão longos ecos!
Nossas viagens têm cargas ocultas, de desconhecimentos vínculos.
Entre o desejo de itinerário, uma lei que nos leva
age invisível e abriga
mais que o itinerário e o desejo.

Que te direi, se me interrogas?
As nuvens falam?
Não. As nuvens tocam-se, passam, desmancham-se.
Às vezes, pensa-se que demoram, parece que estão paradas...
       Confundiram-se.

E até se julga que dentro delas andam estrelas e planetas.
Oh, aparência... Pode talvez andar um tonto pássaro perdido.
Voz sem pouso, no tempo surdo.

Não acuso nem perdôo.
Que faremos, errantes ente as invenções dos deuses?

Eu não estava presente, quando formaram
a voz tão frágil dos pássaros.

Quando as nuvens começaram a existir,
qual de nós estava presente?

Receita de Ano Novo-Introdução II

     João Brandão, que às vezes é modelo de sabedoria relativa (a absoluta consiste em deixar a fantasia agir), contou-me que todo ano recebe um cartão nesses termos: "CALMA, RAPAZ"
     "E quem é que te manda este cartão?", perguntei-lhe. "Eu mesmo. Entro na fila, compro o selo, boto na caixa. Porque se eu não fizer isto, ninguém o fará por mim. Ao receber a mensagem, considero-a mandada por amigo vigilante e discreto, e faço fé na recomendação, que eu não saberia me impor, diante do espelho." Pausa e continuação: "Tem me ajudado muito. Você já reparou que ninguém deseja calma a ninguém, na época de desejar coisas? Deseja-se prosperidade, paz, amor, isso e aquilo ('tudo de bom pra você'), mas todos se esquecem de desejar calma para saborear esse tudo de bom, se por milagre ele acontecer, e principalmente o nada de bom, que às vezes acontece em lugar dele. Como você está vendo, não chega a ser um voto que eu dirijo a mim próprio, pelo correio. É uma vacina."
     Vacinemo-nos, amigos.

Beira-mar

Sou moradora das areias,
de altas espumas: os navios
passam pelas minhas janelas
como o sangue nas minhas veias,
como os peixinhos nos rios...
Não têm velas e têm velas;
e o mar tem e não tem sereias;
e eu navego e estou parada,
vejo mundos e estou cega, 
porque isto é mal de família,
ser de areia, de água, de ilha...
E até sem barco navega
quem para o mar foi fadada.

Deus te proteja, Cecília,
que tudo é mar — e mais nada.

Explicação

O pensamento é triste; o amor, insuficiente;
e eu quero sempre mais do que vem nos milagres.
Deixo que a terra me sustente:
guardo o resto para mais tarde.
Deus não fala comigo — e eu sei que me conhece.
A antigos ventos dei as lágrimas que tinha.
A estrela sobe, a estrela desce...
— espero a minha própria vinda.

(Navego pela memória
sem margens.

Alguém conta a minha história
e alguém mata os personagens.)

22 novembro 2008

A melhor mãe do mundo

Você é. Sua vizinha também. A Maitê. A Malu. A Claudia. Eu, naturalmente. Somos as melhores mães do mundo. Aliás, essa é a única categoria em que não há segundo lugar, todas as mães são campeãs, somos bilhões de "as melhores" espalhadas pelo planeta. Ao menos, as melhores para nossos filhos, que nunca tiveram outra.
  Não é uma sorte ser considerada a melhor, mesmo se atrapalhando tanto? Mãe erra, crianças. E improvisa. Mãe não vem com manual de instruções: reage apenas aos mandamentos do coração, o que tem um inestimável valor, mas não substitui um bom planejamento estratégico. E planejamento é tudo que uma mãe não consegue seguir, por mais que livros, revistas e psicólogos tentem nos orientar.
  Um dia um exame confirma que você está grávida e a felicidade é imensa e o pânico também. Uau, vou ser responsável pela criação de um ser humano! (Papai também vai, mas em agosto a gente fala dele.) A partir daí, nunca mais a vida como era antes. Nunca mais a liberdade de sair pelo mundo sem dar explicações a ninguém. Nunca mais pensar em si mesma em primeiro lugar. Só depois que eles fizerem 18 anos, e isso demora. E`as vezes nem adianta.
  O primeiro passo é se acostumar a ser uma pessoa que já não pode se guiar apenas pelos próprios desejos. Você continuará sendo uma mulher ativa, autêntica, batalhadora, independente, estupenda, mas cem por cento livre, esqueça. De marido você escapa, dos próprios pais você escapa, mas da responsabilidade de ser mãe, jamais. E nem você quer. Ou será que gostaria?
  De vez em quando, sim, gostaríamos de não ter esse compromisso com vidas alheias, de não precisar monitorar os passos dos filhotes, de não ter que se preocupar com a violência que eles terão que enfrentar, de não sofrer pelas dores-de-cotovelo deles, de não temer por suas fragilidades, de não ficar acordadas enquanto eles não chegam e de não perder a paciência quando eles fazem tudo ao contrário do que sonhamos.
  Gostaríamos que eles não falassem mal de nós nos consultórios dos psiquiátras, que eles não nos culpassem por suas inseguranças, que não fôssemos a razão de seus traumas, que esquecessem os momentos em que fomos severas demais e que nos perdoassem nas vezes em fomos severas de menos. Há sempre um "demais" e um "de menos" nos perseguindo. Poucas vezes acertamos na intensidade dos nossos conselhos e críticas.
  Mas é assim que somos: `as vezes exageradamente enérgicas em momentos bobos,`as vezes um tantinho condescendentes na hora de impor limites. A gente implica com alguns amigos deles e adora outros e não consegue explicar por quê, mas nossa intuição diz que estamos certas. Mas de que adianta estarmos certas se eles só se darão conta disso quando tiverem os próprios filhos?
  Erramos em forçá-los a gostar de aipo, erramos em agasalhá-los tanto para as excursões do colégio, erramos em deixar que passem a tarde no computador em véspera de prova, erramos em não confiar quando eles dizem que sabem a matéria, erramos em nos escabelar porque eles estão com os olhos vermelhos (pode ser resfriado!), erramos quando não os olhamos nos olhos, erramos quando fazemos drama por nada, erramos um pouquinho todo dia por amor e por cansaço.
  O que nos torna as melhores mães do mundo é que nossos erros serão sempre acertos, desde que estejamos por perto. (14 de maio de 2008)

[texto do livro 'Doidas e Santas']

18 novembro 2008

O velho do espelho

Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto... é cada vez menos estranho...
Meu Deus, meu Deus... Parece
Meu velho pai  — que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar  — duro interroga:
"O que fizeste de mim?!"
Eu, Pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga... Que importa?! Eu sou, ainda
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mais sei que vi, um dia — a longa, a inútil guerra! —
Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste...

pensamentos soltos...

Do estilo
Fere de leve a frase...E esquece...Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.
Das utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que triste os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!
Da sabedoria dos livros
Não penses compreender a vida nos autores.
Nenhum disto é capaz.
Mas a medida que vivendo fores,
Melhor os compreenderás.

Apelo

Vinícius de Moraes

Ah, meu amor não vais embora
Vê a vida como chora,
vê que triste esta canção
Não, eu te peço, não te ausentes
Pois a dor que agora sentes,
só se esquece no perdão
Ah, minha amada me perdoa
Pois embora ainda te doa a
tristeza que causei
Eu te suplico não destruas tantas
coisas que são tuas
Por um mal que eu já paguei

Ah, minha amada, se soubesses
Da tristeza que há nas preces
Que a chorar te faço eu
Se tu soubesses num momento
todo arrependimento
Como tudo entristeceu
Se tu soubesses como é triste
Perceber que tu partiste
Sem sequer dizer adeus

Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus

só falado
De repente do riso fez-se o pranto,
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento,
Que dos olhos desfez a última chama,
E da paixão fez-se o pressentimento,
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente não mais que de repente,
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo, o distante,
Fez-se da vida uma aventura errante,
De repente não mais que de repente.


Ah, meu amor tu voltarias
E de novo cairias
A chorar nos braços meus.

Você não sabe

Roberto Carlos

Você não sabe quanta coisa eu faria
Além do que já fiz
Você não sabe até onde eu chegaria
Pra te fazer feliz

Eu chegaria
Onde só chegam os pensamentos
Encontraria uma palavra que não existe
Pra te dizer nesse meu verso quase triste
Como é grande o meu amor

Você não sabe que os anseios do seu coração
São muito mais pra mim
Do que as razões que eu tenha
Pra dizer que não
E eu sempre digo sim
E ainda que a realidade me limite
A fantasia dos meus sonhos me permite
Que eu faça mais do que as loucuras
Que já fiz pra te fazer feliz

Você só sabe
Que eu te amo tanto
Mas na verdade
Meu amor não sabe o quanto
E se soubesse iria compreender
Razões que só quem ama assim pode entender

Você não sabe quanta coisa eu faria
Por um sorriso seu
Você não sabe
Até onde chegaria
Amor igual ao meu

Mas se preciso for
Eu faço muito mais
Mesmo que eu sofra
Ainda assim eu sou capaz
De muito mais
Do que as loucuras que já fiz
Pra te fazer feliz

O disfarce

Cansado da sua beleza Angélica, o Anjo vivia ensaiando caretas diante do espelho. Até que conseguiu a obra prima do horror. Veio, assim, dar uma volta pela Terra. E Lili, a primeira meninazinha que o avistou, põe-se a gritar da porta para dentro da casa: "Mamãe! Mamãe! Vem ver como o Frankenstein está bonito hoje!".

Canção de garoa

Em cima do meu telhado,
Pirulin lulin lulin,
Um anjo todo molhado,
soluça no seu flautim.
O relógio vai bater:
As molas rangem sem fim.
O retrato na parede
Fica olhando para mim.

E chove sem saber por quê...
E tudo foi sempre assim!
Parece que vou sofrer:
Pirulin lulin lulin...

17 novembro 2008

Aprendendo a viver

Thoreau era um filósofo americano que, entre coisas mais difíceis de se assimilar assim de repente, numa leitura de jornal, escreveu muitas coisas que talvez possam nos ajudar a viver de um modo mais inteligente, mais eficaz, mais bonito, menos angustiado.
Thoreau, por exemplo, desolava-se vendo seus vizinhos só pouparem e economizarem para um futuro longínquo. Que se pensasse um pouco no futuro, estava certo. Mas “melhore o momento presente”, exclamava. E acrescentava: “Estamos vivos agora”. E comentava com desgosto: “Eles ficam juntando tesouros que as traças e a ferrugem irão roer e os ladrões roubar”.
A mensagem é clara: não sacrifique o dia de hoje pelo de amanhã. Se você se sente infeliz agora, tome alguma providência agora, pois só na seqüência dos agoras é que você existe.
Cada um de nós, aliás, fazendo um exame de consciência, lembra-se pelo menos de vários agoras que foram perdidos e que não voltarão mais. Há momentos na vida que o arrependimento de não ter tido ou não ter sido ou não ter resolvido ou não ter aceito, há momentos na vida em que o arrependimento é profundo como uma dor profunda.
Ele queria que fizéssemos agora o que queremos fazer. A vida inteira Thoreau pregou e praticou a necessidadede de fazer agora o que é mais importante para cada um de nós.
Por exemplo: para os jovens que queriam tornar-se escritores mas que contemporizavam – ou esperando uma inspiração ou se dizendo que não tinham tempo por causa de estudos ou trabalho – ele mandava ir agora para o quarto e começar a escrever.
Impacientava-se também com os que gastam tanto tempo estudando a vida que nunca chegam a viver. “É só quando esquecemos todos os nossos conhecimentos que começamos a saber”.
E dizia esta coisa forte que nos enche de coragem:“Por que não deixamos penetrar a torrente, abrimos os portões e pomos em movimento toda a nossa engrenagem? ”Só em pensar em seguir o seu conselho, sinto uma corrente de vitalidade percorrendo meu sangue. Agora, meus amigos, está sendo neste próprio instante.
Thoreau achava que o medo era a causa da ruína dos nossos momentos presentes. E também as assustadoras opiniões que nós temos de nós mesmos. Dizia ele: "A opinião pública é uma tirana débil, se comparada`a opinião que temos de nós mesmos." É verdade: mesmo as pessoas cheias de segurança aparente julgam-se tão mal que no fundo estão alarmadas. E isso,  na opinião de Thoreau, é grave, pois “o que um homem pensa a respeito de si mesmo determina, ou melhor, revela seu destino”.
E, por mais inesperado que isso seja, ele dizia: tenha pena de si mesmo. Isso quando se levava uma vida de desespero passivo. Ele então aconselhava um pouco menos de dureza para com eles próprios. O medo faz, segundo ele, ter-se uma covardia desnecessária. Nesse caso devia se abrandar o julgamento de si próprio. “Creio”, escreveu, “que devemos confiar em nós mesmos muito mais do que confiamos. A natureza adapta-se tão bem`a nossa fraqueza quanto`a nossa força." E repetia mil vezes aos que complicavam inutilmente as coisas – e quem de nós não faz isso? – como eu ia dizendo, ele quase gritava com quem complicava as coisas: simplifique! simplifique!
E um dia desses, abrindo um jornal e lendo um artigo de um nome de homem que infelizmente esqueci, deparei com citações de Bernanos que na verdade vêm complementar Thoreau, mesmo que aquele jamais tenha lido este.
Em determinado ponto do artigo (só recordei esse trecho) o autor fala que a marca de Bernanos estava na veemência com que nunca cessou de denunciar a impostura do "mundo livre". Além disso, procurava a salvação pelo risco - sem o qual a vida para ele não valia a pena - "e não pelo encolhimento senil, que não é só dos velhos, é de todos os que  defendem as suas posições, inclusive ideológicas, inclusive religiosas" (o grifo é meu)
Para Bernanos, dizia o artigo, o maior pecado sobre a terra era a avareza, sob todas as formas. "A avareza e o tédio danam o mundo." "Dois ramos, enfim, do egoísmo" , acrescenta o autor do artigo.
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não vale a pena!
Feliz Ano Novo.
(dezembro 1968)

Bichos (I)

... "Nossas relações eram tão estreitas, sua sensibilidade estava de tal modo ligada`a minha que ele pressentia e sentia minhas dificuldades.
... Nenhum ser humano me deu jamais a sensação de ser tão totalmente amada como fui amada sem restrições por esse cão...
... Ter bicho é uma experiência vital. E a quem não conviveu com um animal falta um certo tipo de intuição do mundo vivo. Quem se recusa`a visão de um bicho está com medo de si próprio..."

Inscrição para uma lareira

A vida é um incêndio: nela
dançamos, salamandras mágicas.
Que importa restarem cinzas
se a chama foi bela e alta?
Em meio aos toros que desabam,
cantemos a canção das chamas!
Cantemos a canção da vida,
na própria luz consumida...

O que acontece com os pais

Competiria aos pais dessas crianças, não a nós, incutir-lhes o hábito de boas leituras. Ora essa! Mas se eles também não lêem... Vivem eternamente barbiturizados pelas novelas de Televisão.

O que acontece com as crianças

Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem querer, numa espécie de método subliminar. Em meus tempos de criança, era aquela encantação. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de histórias(e não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase após frase, do princípio ao fim.
Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler corretamente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo "texto" se limita a simples frases interjeitivas e assim mesmo muitas vezes incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas.
Exagerei? Bem feito! Mas se essas crianças, coitadas, nunca adquiriram o hábito da leitura, como saberão um dia escrever?

15 novembro 2008

O anjo Malaquias

O Ogre rilhava os dentes agudos e lambia os beiços grossos, com esse exagerado ar de ferocidade que os monstros gostam de aparentar, por esporte.
Diante dele, sobre a mesa posta, o Inocentinho balava, imbele. Chamava-se Malaquias – tão pequenino e reconchudo, pelado, a barriguinha pra baixo, na tocante posição de certos retratos da primeira infância...
O Ogre atou o guardanapo ao pescoço. Já ia o miserável devorar o Inocentinho, quando Nossa Senhora interferiu com um milagre. Malaquias criou asas e saiu voando, voando, pelo ar atônito... saiu voando janela em fora...
Dada, porém, a urgência da operação, as asinhas brotaram-lhe apressadamente na bunda, em vez de ser um pouco mais acima, atrás dos ombros. Pois quem nasceu para mártir, nem mesmo a Mãe de Deus lhe vale!
Que o digam as nuvens, esses lerdos e desmesurados cágados das alturas, quando, pela noite morta, o Inocentinho passa por entre elas, voando em esquadro, o pobre, de cabeça pra baixo.
E o homem que, no dia do ordenado, está jogando os sapatos dos filhos, o vestido da mulher e a conta do vendeiro, esse ouve, no entrechocar das fichas, o desatado pranto do Anjo Malaquias!
E a mundana que pinta o seu rosto de ídolo... E o empregadinho em falta que sente as palavras de emergência fugirem-lhe como cabelos de afogado... E o orador que pára em meio de uma frase... E o tenor que dá, de súbito, uma nota em falso... Todos escutam, no seu imenso desamparo, o choro agudo do Anjo Malaquias!
E quantas vezes um de nós, ao levantar o copo ao lábio, interrompe o gesto e empalidece... – O Anjo! O Anjo Malaquias! – ... E então, pra disfarçar, a gente faz literatura... e diz aos amigos que foi apenas uma folha morta que se desprendeu... ou que um pneu estourou, longe... na estrela Aldebaran...

Envelhecer

Antes, todos os caminhos iam.
Agora todos os caminhos vêm.
A casa é acolhedora, os livros poucos.
E eu mesmo preparo o chá para os fantasmas.

Epílogo

Não, o melhor é não falares, não explicares coisa alguma. Tudo agora está suspenso. Nada aguenta mais nada. E sabe Deus o que é que desencadeia as catástrofes, o que é que derruba um castelo de cartas! Não se sabe... Umas vezes passa uma avalanche e não morre uma mosca... Outras vezes senta uma mosca e desaba uma cidade.

12 novembro 2008

O vestido branco

Acordei de madrugada desejando ter um vestido branco. E seria de gaze. Era um desejo intenso e lúcido. Acho que era a minha inocência que nunca parou. Alguns, bem sei, já até me disseram, me acham perigosa. Mas também sou inocente. A vontade de me vestir de branco foi o que sempre me salvou. Sei, e talvez só eu e alguns saibam, que se tenho perigo tenho também uma pureza. E ela só é perigosa para quem tem perigo dentro de si. A pureza de que falo é límpida: até as coisas ruins a gente aceita. E tem um gosto de vestido branco de gaze. Talvez eu nunca venha a tê-lo, mas é como se tivesse, de tal modo se aprende a viver com o que tanto fala. Também quero um vestido preto porque me deixa mais clara e faz minha pureza sobressair. É mesmo pureza? O que é primitivo é pureza. O que é espontâneo é pureza. O que é ruim é pureza? Não sei, sei que`as vezes a raiz do que é ruim é uma pureza que não pôde ser.
Acordei de madrugada com tanta intensidade por um vestido branco de gaze, que abri meu guarda-roupa. Tinha um branco, de pano grosso e decote arredondado. Grossura é pureza? Uma coisa sei: amor, por mais violento, é.
E eis que de repente agora mesmo vi que não sou pura.

Os prazeres de uma vida normal

"...e receber o telefonema de um amigo, e a comunicação de vozes e alma ser perfeita? Quando se desliga: que prazer dos outros existirem e de a gente se encontrar nos outros. Eu me encontro nos outros. Tudo o que dá certo é normal. O estranho é a luta que se é obrigado a travar para obter o que simplesmente seria o normal."

(trecho de texto)

Que nome dar à esperança

Mas se através de tudo corre a esperança, então a coisa é atingida. No entanto a esperança não é para amanhã. A esperança é este instante. Precisa-se dar outro nome a certo tipo de esperança porque esta palavra significa sobretudo espera. E a esperança é já. Deve haver uma palavra que signifique o que quero dizer.

09 novembro 2008

Soneto antigo

Responder a perguntas não respondo.
Perguntas impossíveis não pergunto.
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

Canção do sonho acabado


Já tive a rosa do amor
- rubra rosa, sem pudor.
Cobicei, cheirei, colhi.
Mas ela despetalou
E outra igual, nunca mais vi.
Já vivi mil aventuras,
Me embriaguei de alegria!
Mas os risos da ventura,
No limiar da loucura,
Se tornaram fantasia...
Já almejei felicidade,
Mãos dadas, fraternidade,
Um ideal sem fronteiras
- utopia! Voou ligeira,
Nas asas da liberdade.
Desejei viver. Demais!
Segurar a juventude,
Prender o tempo na mão,
Plantar o lírio da paz!
Mas nem mesmo isto eu pude:
Tentei, porém nada fiz...
Muito, da vida, eu já quis.
Já quis... mas não quero mais...

Mais do que jogo de palavras

O que eu sinto eu não ajo. O que ajo não penso. O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante. Do que sinto não ignoro. Não me entendo e ajo como se me entendesse.

Pertencer

Um amigo meu, médico, assegurou-me que desde o berço a criança sente o ambiente, a criança quer: nela o ser humano, no berço mesmo, já começou.
Tenho certeza de que no berço a minha primeira vontade foi a de pertencer. Por motivos que aqui não importam, eu de algum modo devia estar sentindo que não pertencia a nada e a ninguém. Nasci de graça.
Se no berço experimentei esta fome humana, ela continua a me acompanhar pela vida afora, como se fosse um destino. A ponto de meu coração se contrair de inveja e desejo quando vejo uma freira: ela pertence a Deus.
Exatamente porque é tão forte em mim a fome de me dar a algo ou a alguém, é que me tornei bastante arisca: tenho medo de revelar de quanto preciso e de como sou pobre. Sou, sim. Muito pobre. Só tenho um corpo e uma alma. E preciso de mais do que isso. Quem sabe se comecei a escrever tão cedo na vida porque, escrevendo, quando menos eu pertencia um pouco a mim mesma. O que é um fac-símile triste.
Com o tempo, sobretudo os últimos anos, perdi o jeito de ser gente. Não sei mais como se é. E uma espécie toda nova de "solidão de não pertencer" começou a me invadir como heras num muro.
Se meu desejo mais antigo é o de pertencer, por que então nunca fiz parte de clubes ou de associações? Porque não é isso que eu chamo de pertencer. O que eu queria, e não posso, é por exemplo que tudo o que me viesse de bom de dentro de mim eu pudesse dar àquilo que eu pertenço. Mesmo minhas alegrias, como são solitárias às vezes. E uma alegria solitária pode se tornar patética. É como ficar com um presente todo embrulhado em papel enfeitado de presente nas mãos - e não ter a quem dizer: tome, é seu, abra-o! Não querendo me ver em situações patéticas e, por uma espécie de contenção, evitando o tom de tragédia, raramente embrulho com papel de presente os meus sentimentos.
Pertencer não vem apenas de ser fraca e precisar unir-se a algo ou a alguém mais forte. Muitas vezes a vontade intensa de pertencer vem em mim de minha própria força - eu quero pertencer para que minha força não seja inútil e fortifique uma pessoa ou uma coisa.
Embora eu tenha uma alegria: pertenço, por exemplo, a meu país, e como milhões de outras pessoas sou a ele tão pertencente a ponto de ser brasileira. E eu que muito sinceramente, jamais desejei ou jamais desejaria a popularidade - sou individualista demais para que pudesse suportar a invasão de que uma pessoa popular é vítima -, eu, que não quero a popularidade, sinto-me no entanto feliz de pertencer`a literatura brasileira. Não, não é por orgulho, nem por ambição. Sou feliz de pertencer`a literatura brasileira por motivos que nada têm a ver com a literatura, pois nem ao menos sou uma literata ou uma intelectual. Feliz apenas por "fazer parte".
Quase consigo me visualizar no berço, quase consigo reproduzir em mim a vaga e no entanto premente sensação de precisar pertencer. Por motivos que nem minha mãe nem meu pai podiam controlar, eu nasci e fiquei apenas: nascida.
No entanto fui preparada para ser dada à luz de um modo tão bonito. Minha mãe já estava doente, e, por uma superstição bastante espalhada, acreditava-se que ter um filho curava uma mulher de uma doença. Então fui deliberadamente criada: com amor e esperança. Só que não curei minha mãe. E sinto até hoje essa carga de culpa: fizeram-me para uma missão determinada e eu falhei. Como se contassem comigo nas trincheiras de uma guerra e eu tivesse desertado. Sei que meus pais me perdoaram por eu ter nascido em vão e tê-los traído na grande esperança. Mas eu, eu não me perdôo. Quereria que simplesmente se tivesse feito um milagre: eu nascer e curar minha mãe. Então, sim: eu teria pertencido a meu pai e a minha mãe. Eu nem podia confiar a alguém essa espécie de solidão de não pertencer porque, como desertor, eu tinha o segredo da fuga que por vergonha não podia ser conhecido.
A vida me fez de vez em quando pertencer, como se fosse para me dar a medida do que eu perco não pertencendo. E então eu soube: pertencer é viver. Experimentei-o com a sede de quem está no deserto e bebe sôfrego os últimos goles de água de um cantil. E depois a sede volta e é no deserto mesmo que caminho.

As "fugidas" da mãe

Ela bem sabia que devia, e sem intervalo nenhum ter a extrema dignidade de mãe que filhos exigem. Era, é claro, uma mãe digna desse nome.
Mas a vezes, cavalo bravio, como Eva a chamaria, dava uma "fugida" foi quando estava sozinha na rua e viu um homem vendendo pipocas. Então comprou um saco, e, andando em plena rua, comeu pipocas. O que provavelmente não lhe "ficaria bem". Como convencê-los de que além de mãe ela era ela. E essa pessoa que exigia a liberdade de comer pipocas na rua. Amém (Hoje é dia do amém, ao que parece.)

08 novembro 2008

Eu me arranjaria


Se o meu mundo não fosse humano, também haveria lugar para mim: eu seria uma mancha difusa de instintos, doçuras e ferocidades, uma trêmula irradiação de paz e luta: se o mundo não fosse humano eu me arranjaria sendo bicho. Por um instante então desprezo o lado humano da vida e experimento a silenciosa alma da vida animal. É bom, é verdadeiro, ela é a semente do que depois se torna humano.

07 novembro 2008

Os votos

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
Eque pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.
(Sérgio Jockymann)

(*) este texto não é de Victor Hugo

05 novembro 2008

Como te amo?

Como te amo? Deixa-me contar de quantas maneiras.
Amo-te até ao mais fundo, ao mais amplo
e ao mais alto que a minha alma pode alcançar
buscando, para além do visível dos limites do Ser e da Graça ideal.
Amo-te até`as mais ínfimas necessidades de todos os dias
`a luz do sol e`a luz das velas.
Amo-te com liberdade, enquanto os homens lutam pela justiça;
Amo-te com pureza, enquanto se afastam da lisonja.
Amo-te com a paixão das minhas velhas mágoas
e com a fé da minha infância.
Amo-te com um amor que me parecia perdido - quando
perdi os meus santos - amo-te com o fôlego, os sorrisos,
as lágrimas de toda a minha vida!
E, se Deus quiser, amar-te-ei melhor depois da morte
(Elizabeth Barrett Browning)

Viagem necessária

Fico preocupado toda vez que vejo uma pessoa ansiosa, visivelmente angustiada, falando que vai viajar em busca de um novo sentido para sua vida...
Estar consigo se tornou tão insuportável, que ela passa a transferir para os aeroportos e rodoviárias todas as suas esperanças de paz e felicidade. Isso é o pior que pode acontecer a um ser humano...
Significa que ela está perdendo a confiança em si mesma, está transferindo para terceiros a responsabilidade sobre seu próprio bem-estar. Isso é a morte em dose homeopática...
O problema que está dentro não pode ser resolvido fora. Tudo que se buscar no mundo exterior, será um exercício inútil de fugir de si mesma...
Para uma pessoa angustiada, Paris ou Viena podem se transformar num inferno cheio de luzes. Um coração triste não enxerga a beleza...

Na Índia, conta-se a seguinte história: Uma mulher foi surpreendida numa praça procurando algo. Curiosa, a vizinhança logo quis saber o que ela havia perdido: Uma agulha, respondeu!
Todos se prontificaram a ajudá-la a achar a tal agulha. No final da tarde, já cansados da procura inútil, os vizinhos perguntaram: onde exatamente você perdeu a agulha?
Ao que a mulher respondeu: Dentro da minha casa, mas como aqui há mais claridade, achei que teria mais chances de encontrá-la...
Só faltaram bater na mulher: como você nos faz perder tanto tempo procurando aqui fora algo que foi perdido lá dentro?
A mulher, que era na verdade uma monja, deu uma enorme gargalhada e disse: engraçado, vocês perdem a felicidade em seus corações e partem para buscá-la no mundo exterior...
Fazem a mesma loucura que agora estranham em mim. Esta tem sido a vida de vocês, que buscam fora o que perderam dentro. Pois saibam que somente no silêncio de seus corações poderão encontrar a felicidade perdida...
Osho, o líder espiritual indiano, dizia: Esta é a situação do ser humano. Você é capaz de olhar para todos os lugares à sua volta, mas é incapaz de ver onde está e o que veio fazer neste planeta. É incapaz de fazer a pergunta fundamental: QUEM SOU EU?
Enquanto não tiver resposta para esta pergunta, cancele todas as passagens que reservou. Não há lugar para onde ir; estar aqui é tão glorioso e gratificante, que não há melhor local no mundo onde você possa se reencontrar...
Feche os olhos para poder ver a realidade do aqui. Lá é apenas uma ficção. AQUI E AGORA são as nossas únicas realidades...Mergulhe para dentro de si. Tenha coragem de permanecer só e em silêncio. A mente quer levar-lhe para fora porque teme perder o controle da situação...
Seja mais forte, resista a todas as tentativas de buscar fora a felicidade que só pode ser encontrada dentro de você...

M E D I T E
A mente e a meditação não podem coexistir. Não se pode ter ambas. Ou você fica com a mente ou com a meditação, pois a mente é pensar e meditação é silêncio... A mente significa tatear no escuro. A meditação significa entrar na infinita beleza do seu próprio ser... No começo o silêncio parece tristeza, porque você sempre foi uma pessoa ativa, ocupada, envolvida – e de repente se foram todas as suas atividades, seus negócios produtivos, seus afazeres...
Dá a impressão que você perdeu tudo, toda a sua vida. Até os projetos profissionais parecem perder o sentido. É uma sensação de tristeza profunda... Mas seja um pouco paciente, deixe essa tristeza se assentar. Esse é o começo do silêncio, o começo da paz... Se você não levar a felicidade na sua bagagem, não vai encontrá-la em nenhuma parte do mundo. Lembre-se: O que você está procurando é você mesma...
Nada neste mundo faz sentido se não tocamos o coração das pessoas. Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma.
(Edson de Piracicaba)

viajar

"Viajar?
para viajar basta existir...
vou de dia para dia, como de estação a estação, 
no comboio do meu corpo,
ou do destino debruçado sobre as ruas e as praças,
sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes,
como, afinal as paisagens são...
Se imagino, vejo....que mais faço eu se viajo?
Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha 
que se deslocar para existir."

especializacão

"Um ser humano deveria ser capaz de trocar uma fralda, planejar uma invasão, decapitar um frango, sabotar um barco, desenhar um prédio, escrever um soneto, equilibrar contas, construir uma parede, cuidar de ossos quebrados, confortar os moribundos, receber ordens, dar ordens, cooperar, agir sozinho, resolver equações, analisar um novo problema, pilotar um avião, programar um computador, preparar uma refeição, lutar eficientemente e morrer com estilo.
Especialização é para insetos "
(Robert Heinlein)

04 novembro 2008

NEOQEAV

Meus avós já estavam casados há mais de cinqüenta anos e continuavam jogando um jogo que haviam iniciado quando começaram a namorar.

A regra do jogo era que um tinha que escrever a palavra "Neoqeav" num lugar inesperado para o outro encontrar e assim quem a encontrasse deveria escrevê-la em outro lugar e assim sucessivamente.
Eles se revezavam deixando "Neoqeav" escrita por toda a casa, e assim que um a encontrava era sua vez de escondê-la em outro local para o outro achar. Eles escreviam "Neoqeav" com os dedos no açúcar dentro do açucareiro ou no pote de farinha para que o próximo que fosse cozinhar a achasse. Escreviam na janela embaçada pelo sereno que dava para o pátio onde minha avó nos dava pudim que ela fazia com tanto carinho. "Neoqeav" era escrita no vapor deixado no espelho depois de um banho quente, onde a palavra iria reaparecer depois do próximo banho. Uma vez, minha avó até desenrolou um rolo inteiro de papel higiênico para deixar "Neoqeav" na última folha e enrolou tudo de novo.

Não havia limites para onde "Neoqeav" pudesse surgir.

Pedacinhos de papel com "Neoqeav" rabiscado apareciam grudados no volante do carro que eles dividiam. Os bilhetes eram enfiados dentro dos sapatos e deixados debaixo dos travesseiros. "Neoqeav" era escrita com os dedos na poeira sobre as prateleiras e nas cinzas da lareira. Esta misteriosa palavra tanto fazia parte da casa de meus avós quanto da mobília. Levou bastante tempo para eu passar a entender e gostar completamente deste jogo que eles jogavam. Meu ceticismo nunca me deixou acreditar em um único e verdadeiro amor, que possa ser realmente puro e duradouro.

Porém, eu nunca duvidei do amor entre meus avós.
Este amor era profundo. Era mais do que um jogo de diversão, era um modo de vida. Seu relacionamento era baseado em devoção e uma afeição apaixonada, igual as quais nem todo mundo tem a sorte de experimentar. O vovô e a vovó ficavam de mãos dadas sempre que podiam. Roubavam beijos um do outro sempre que se batiam um contra outro naquela cozinha tão pequena. Eles conseguiam terminar a frase incompleta do outro e todo dia resolviam juntos as palavras cruzadas do jornal. Minha avó cochichava para mim dizendo o quanto meu avô era bonito, como ele havia se tornado um velho bonito e charmoso. Ela se gabava de dizer que sabia como pegar os namorados mais bonitos. Antes de cada refeição eles se reverenciavam e davam graças a Deus e bençãos aos presentes por sermos uma família maravilhosa, para continuarmos sempre unidos e com boa sorte.

Mas uma nuvem escura surgiu na vida de meus avós: minha avó tinha câncer de mama. A doença tinha primeiro aparecido dez anos antes. Como sempre, vovô estava com ela a cada momento. Ele a confortava no quarto amarelo deles, que ele havia pintado dessa cor para que ela ficasse sempre rodeada da luz do sol, mesmo quando ela não tivesse forças para sair. O câncer agora estava de novo atacando seu corpo. Com a ajuda de uma bengala e a mão firme do meu avô, eles iam à igreja toda manhã. E minha avó foi ficando cada vez mais fraca, até que, finalmente, ela não mais podia sair de casa. Por algum tempo, meu avô resolveu ir à igreja sozinho, rezando a Deus para zelar por sua esposa. Então, o que todos nós temíamos aconteceu.

Vovó partiu.

"Neoqeav"foi gravada em amarelo nas fitas cor-de-rosa dos buquês de flores do funeral da vovó. Quando os amigos começaram a ir embora, minhas tias, tios, primos e outras pessoas da família se juntaram e ficaram ao redor da vovó pela última vez. Vovô ficou bem junto do caixão da vovó e, num suspiro bem profundo, começou a cantar para ela. Através de suas lágrimas e pesar, a música surgiu como uma canção de ninar que vinha bem de dentro de seu ser. Me sentindo muito triste, nunca vou me esquecer daquele momento. Porque eu sabia que mesmo sem ainda poder entender completamente a profundeza daquele amor, eu tinha tido o privilégio de testemunhar a beleza sem igual que aquilo representava.

Aposto que a esta altura você deve estar se perguntando:
"Mas o que Neoqeav significa?"

Nunca Esqueça O Quanto Eu Amo Você = "NEOQEAV"

(não sei quem é o autor)

Gerânio

Marisa Monte

Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo
do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente
Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda
Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes
Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando quer
Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga
Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema
Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você
Despreocupa-se
e pensa no essencial
Dorme e acorda

fundamental

Que importa, que ao chegar eu nem pareça pássaro!
Que importa se ao chegar venha me rebentando, caindo aos pedaços,
sem aprumo e sem beleza!
Fundamental é cumprir a missão e cumpri-la até o fim!
Isso.. é amar.
(Dom Helder Câmara)

Loucos e santos

"Meus amigos são todos assim: metade loucura, outra metade santidade.
Escolho-os não pela pele, mas pela pupila, que tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante. Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Louco que senta e espera a chegada da lua cheia.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade loucura. metade santidade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Pena, não tenho nem de mim mesmo, e risada, só ofereço ao acaso.
Quero amigos santos, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia da loucura não desapareça.
Não quero amigos adultos, nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou, pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que a normalidade é uma ilusão imbecil e estéril." (Oscar Wilde)

presente

"Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável: além do pão, o trabalho. Além do trabalho, a ação. E, quando tudo faltasse, um segredo: o de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força para encontrar a saída."  (Gandhi)

Eva

Rádio Taxi

Meu amor
Olha só hoje o sol não apareceu
É o fim
Da aventura humana na terra
Meu planeta adeus
Fugiremos nós dois na arca de noé
Olha bem meu amor
O final da odisséia terrestre
Sou adão e você será
Minha pequena eva, eva
O nosso amor na última astronave, eva
Além do infinito eu vou voar
Sozinho com você
E voando bem alto, eva
Me abraça pelo espaço de um instante, eva
Me envolve com seu corpo e me dá
A força pra viver
Pelo espaço de um instante
Afinal não há nada mais
Que o céu azul pra agente voar
Sobre o rio, beirute ou madagascar
Toda terra reduzida a nada, a nada mais
Minha vida é um flash
De controles e botões antiatômicos
Olha bem meu amor
O final da odisséia terrestre
Sou adão e você será

O lado mal do signo de Leão

O que nenhum astrólogo teve coragem de dizer... 

Leão (23 jul a 22 ago)
Você se considera um líder natural. Os outros acham você um
idiota completo. Você é vaidoso, arrogante, orgulhoso e impaciente,
como se fosse a última coca-cola gelada do deserto e costuma lidar
com críticas na base da porrada. Os leoninos são excelentes guardas
de trânsito, ditadores e emergentes.

naufrágios



"Depois de todas as tempestades e naufrágios,
o que sobra de mim em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro."
(Caio Fernando Abreu)

A morte é uma piada

   Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e a perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam. A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo.
   Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? 
   Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer. A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente… De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é? 
   Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
   Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério?
   Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Não se faz. 
   Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça nenhuma.

(*)esse texto passa em emails, modificado, e como de Pedro Bial, com o título de 'Análise da morte' mas é de Martha Medeiros e está no livro 'Doidas e Santas' pág. 82 – A Morte é uma piada –

A perfeição

O que me tranqüiliza é que tudo o que existe,
existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete
não transborda nem uma fração de milímetro
além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe
com essa exatidão nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós
como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

03 novembro 2008

coração



"O coração também sobrevive com paixões inventadas, e não raro essas paixões surpreendem o inventor.
O amor pode ser casual ou intencional. Se nos faz feliz, é amor igual."
( livro Trem bala- texto "A necessidade e o acaso")

inspiração

“Na arte, a inspiração tem um toque de magia,
porque é uma coisa absoluta, inexplicável.
Não creio que venha de fora pra dentro, de forças sobrenaturais.
Suponho que emerge do mais profundo.”

A maravilhosa mulher de leão

A mulher de Leão é muita areia para o caminhãozinho de qualquer um. Ela é uma jóia rara que não se encontra em qualquer lugar!

Existe algo na mulher de Leão que pode assustar os homens: sua popularidade com o sexo masculino! Poucas são as leoninas que não vivem cercadas por muitos amigos e não possuam uma coleção de ex-namorados. Se você é do tipo de homem que detesta saber que é o vigésimo a ocupar o coração de uma mulher, desista! E nem pense em tentar controlá-la ou forçar a barra para que jogue fora as fotos dos ex-namorados. Ela é de Leão e este signo detesta ser controlado ou governado. E ela não tem culpa de ter nascido com esta capacidade maravilhosa de aglutinar o sexo oposto ao seu redor! Se você sofre de complexo de inferioridade, a melhor coisa que deve fazer é esquecer esta 'Rainha'! O homem que espera que uma garota de Leão se ajoelhe para adorá-lo vai acabar dando com os burros na água, quando se trata da leonina! Fique feliz apenas com o fato dela permitir que a ame e fique do seu lado! Ela pode amar com muita paixão e intensidade, mas grande parte deste amor é direcionado para ela mesma! Se existe alguém que realmente se ama, esta pessoa é a leonina! Apesar desta frase parecer um tanto egoísta, ela não tem nada de egoísta. Esta mulher pode ser muito generosa, bondosa e compreensiva. O que ela faz é apenas deixar claro que nunca aceitará ficar em segundo plano! Apesar de fazer cara de pouco caso quando ouve um elogio, ela simplesmente não pode viver sem eles! E, é muito importante de nunca se esquecer de alimentar seu ego. Mas, seja criativo! Ela não se emociona com frases feitas ou românticas. Não adianta dizer que a ama, que está perdidamente apaixonado! Isto funciona com outras mulheres. Com ela o melhor é dizer: 'Você é espetacular!!'. Tente agradá-la com um presente barato que não represente todo amor que sente por ela, e vai acabar ouvindo um monte de verdades como nunca ouviu! Ela não é gananciosa ou uma mulher de coração frio e ambicioso. Ela só acha que se tem dinheiro para comprar um anel de brilhantes, por que vai dar um brinquinho de latão? A leonina adora gastar com roupas, sapatos e geralmente seu gosto é excelente, apesar de um pouco caro. Ela pode parecer meiga, ter maneiras delicadas e ser tão suave e calma que podemos pensar que se trata de uma mulher de Libra. Não se iluda! Deve ser apenas uma daquelas fases quando seu orgulho está adormecido. As mulheres de Leão não tem nada de tímida ou submissa. Tente provocá-la um pouco para ver como ela volta a ser a Leoa de sempre! Ela quer o melhor dos homens e só vai se entregar quando achar que descobriu o homem certo! Mas, poucas são as que aceitam ser menos que eles. E, poucas são as mulheres de Leão capazes de resistir a uma competição com os homens, quer seja para conseguir prestígio ou rendimentos! Para ela, 'sexo frágil soa como uma ofensa sem perdão'! A melhor maneira de viver ao seu lado é nunca querer vencê-la ou dominá-la, mas sempre estar ao seu lado de igual para igual! Mostre-se forte e capaz de vencer qualquer dificuldade na vida e ela vai adorá-lo! Em se tratando de sexo, é muito raro encontrar uma leonina que tenha alguma tipo de dificuldade para conseguir prazer. Ela não costuma ser adepta do sexo passivo, deixando toda a tarefa de descobrir novos pontos de prazer para o companheiro. A leonina adora dominar e buscar o prazer, para ficar deitada em uma cama! O sexo para ela é um prazer e tudo que tem a ver com prazer consegue incendiá-la. Seu apetite sexual e sua desenvoltura na cama podem assustar alguns homens, mas ela não vai arredar um centímetro na busca daquele orgasmo! Apesar de todo seu orgulho e vaidade, a leonina dificilmente é arrogante ou insuportável, como muitos poderiam supor. Em nada se assemelha a cínica e sarcástica sagitariana que adora rebaixar as pessoas quando sente que não são merecedores de sua companhia. A leonina apenas separa as pessoas de seu convívio de acordo com sua vontade sem ofendê-las ou maltratá-las. Na verdade ela costuma ser uma pessoa tão amável e carinhosa com as pessoas que fica difícil ver qualquer defeito nela. Os amigos nunca conseguem ver uma pessoa orgulhosa quando estão ao seu lado. O que a gente vê é uma mulher com tanta autoconfiança que ficamos maravilhados. Seu magnetismo e charme conseguem derreter qualquer coração. Ela costuma ser um poço de bondade e nunca pensará duas vezes antes de fazer um sacrifício para ajudar um amigo que está em apuros! Ficar enciumado por que ela gosta de ser o centro das atenções masculinas é perda de tempo! Para ela é natural que os homens a desejem, isto faz com que se sinta mais viva! Mas nem tente fazer o mesmo com relação ás mulheres para não ter que enfrentar sua ira! É mais fácil encontrar chifre na cabeça de cavalo do que encontrar uma leonina que se deixe ver desarrumada. Ela jamais vai se deixar ver vestindo um roupão velho ou os cabelos cheios de grampos e a cara coberta de creme! Na verdade, pouquíssimas são as leoninas que costumam ficar desarrumadas. Mesmo se estiver sozinha em casa ela vai preferir vestir um shorts novo ao invés de uma calça velha de moletom. Afinal, ela não se veste bem apenas para se mostrar bela para o mundo.

Se está apaixonado por uma mulher de Leão, parabéns! Você tem uma mulher que sabe ser elegante, tem bons gostos, adora aventuras e sabe fazer amor como poucas. Ela não é do tipo que gosta de reclamar da vida ou fica deprimida facilmente. Todos os dias em que acordar e ver esta mulher ao seu lado, pode ter certeza de que é um felizardo que conseguiu conquistar uma das melhores mulheres do mundo. Sei que as vezes será um pouco duro lidar com seu jeito imponente e seu orgulho, mas os momentos de bom humor e otimismo farão com que sempre esteja pronto para levantar da cama e viver a vida com mais alegria!

silêncio

"É que sinto falta de um silêncio. Eu era silenciosa.
E agora me comunico, mesmo sem falar. Mas falta uma
coisa. E vou tê-la. É uma espécie de liberdade, sem
pedir licença a ninguém."

estrelas


"Contemplais uma estrela por dois motivos:
porque é luminosa e porque é impenetrável.
E no entanto, temos ao nosso lado um brilho
mais suave e um mistério maior ainda, a mulher."

defeitos

"Até cortar os próprios defeitos
pode ser perigoso.
Nunca se sabe qual é o defeito que
sustenta nosso edifício inteiro."

sou...

"Sou uma mulher madura, que às vezes anda de balanço.
Sou uma criança insegura, que às vezes usa salto alto.
Sou uma mulher que balança. Sou uma criança que atura."

vento



"Sou como você me vê...
Posso ser leve como uma brisa,
ou forte como uma ventania,
depende de quando,
e como você me vê passar!"

dance

“Trabalhe como se você não precisasse do dinheiro.
Ame como se você nunca tivesse sido magoado,
e dance como se ninguém estivesse te observando.
O maior risco da vida é não fazer NADA.”

vida

“Se procurar bem você acaba encontrando,
não a explicação (duvidosa) da vida,
mas a poesia (inexplicável) da vida”.

pessoas

"Há pessoas que nos falam e nem escutamos;
há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam;
mas há pessoas que simplesmente aparecem em
nossa vida e nos marcam para sempre."

sonhar

"De sonhar ninguém se cansa,
porque sonhar é esquecer,
e esquecer não pesa e é um sono sem
sonhos em que estamos despertos."

Eu


Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada...a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê.

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
(Florbela Espanca)

A rota do indivíduo

Orlando Morais

Mera luz
Que invade a tarde cinzenta
E algumas folhas deitam sobre a estrada
O frio é o agasalho que esquenta
O coração gelado quando venta
Movendo a água abandonada

Restos de sonho
Sobre o novo dia
Amores nos vagões
Vagões nos trilhos
Parece é a ferrovia
Que mesmo não te vendo te vigia
Como mãe que dorme olhando os filhos
Com os olhos na estrada

E no mistério solitário na penugem
Vê-se a vida correndo, parada
Como se não existisse chegada
Na tarde distante ferrugem
Ou nada

Desculpa o auê

Rita Lee & Roberto Carvalho

Desculpe o Auê
Eu não queria magoar você
Foi ciúme sim
Fiz greve de fome
Guerrilhas, motins
Perdi a cabeça
Esqueça!

Desculpe o Auê
Eu não queria magoar você
Foi ciúme sim
Fiz greve de fome
Guerrilhas, motins
Perdi a cabeça
Esqueça!

Da próxima vez eu me mando
Que se dane meu jeito inseguro
Nosso amor vale tanto
Por você vou roubar
Os anéis de Saturno...

Sampa

Caetano Veloso

Alguma coisa acontece
No meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga
E a Avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui
Eu nada entendi
Da dura poesia concreta
De tuas esquinas
Da deselegância discreta
De tuas meninas...

Ainda não havia
Para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece
No meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga
E a Avenida São João...

Quando eu te encarei
Frente a frente
Não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi
De mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio
O que não é espelho
E a mente apavora o que ainda
Não é mesmo velho
Nada do que não era antes
Quando não somos mutantes...

E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho
Feliz de cidade
Aprende depressa
A chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso
Do avesso do avesso...

Do povo oprimido nas filas
Nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue
E destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe
Apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas
De campos e espaços
Tuas oficinas de florestas
Teus deuses da chuva...

Panaméricas
De Áfricas utópicas
Túmulo do samba
Mais possível novo
Quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam
Na tua garoa
E novos baianos te podem
Curtir numa boa...

Na paz

Orlando Morais

Meu amor onde está você
Te liguei só prá te dizer
Que ontem a noite
Foi boa demais..

Acordei e nem quis saber
Se hoje vou trabalhar
Nem sei!
Só queria ficar
Com você na paz...

Que preguiça de levantar
Encarar a cidade
Ter que rir para não chorar
Meu amor que saudade
Dá tristeza só de pensar
Prá que tanta maldade
Meu amor, meu amor...

Meu amor onde está você
Te liguei só prá te dizer
Que ontem a noite
Foi boa demais..

Acordei e nem quis saber
Se hoje vou trabalhar
Nem sei!
Só queria ficar
Com você na paz...

Que preguiça de levantar
Encarar a cidade
Ter que rir para não chorar
Meu amor que saudade
Dá tristeza só de pensar
Prá que tanta maldade
Meu amor, meu amor...

Noite dos mascarados

Chico Buarque de Holanda

- Quem é você?
- Adivinha se gosta de mim
Hoje os dois mascarados procuram os seus namorados perguntando assim:
- Quem é você, diga logo...
- ...que eu quero saber o seu jogo
- ...que eu quero morrer no seu bloco...
- ...que eu quero me arder no seu fogo
- Eu sou seresteiro, poeta e cantor
- O meu tempo inteiro, só zombo do amor
- Eu tenho um pandeiro
- Só quero um violão
- Eu nado em dinheiro
- Não tenho um tostão...Fui porta-estandarte, não sei mais dançar
- Eu, modéstia à parte, nasci prá sambar
- Eu sou tão menina
- Meu tempo passou
- Eu sou colombina
- Eu sou pierrô
Mas é carnaval, não me diga mais quem é você
Amanhã tudo volta ao normal
Deixa a festa acabar, deixa o barco correr, deixa o dia raiar
Que hoje eu sou da maneira que você me quer
O que você pedir eu lhe dou
Seja você quem for, seja o que Deus quiser
Seja você quem for, seja o que Deus quiser

exceção


"Ser santo é exceção; ser justo é regra. Errem, desfaleçam, pequem, mas sejam justos. Pecar o menos possível é a lei dos homens. Não pecar nunca, é sonho de anjos!"
(do livro 'Os miseráveis')

Poema feminino

Que mulher nunca teve
Um sutiã meio furado,
Um primo meio tarado,
Ou um amigo meio viado?

Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan para dormir?

Que mulher nunca sonhou
Com a sogra morta, estendida,
Em ser muito feliz na vida
Ou com uma lipo na barriga?

Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?

Que mulher nunca penou
Para ter a perna depilada,
Para aturar uma empregada
Ou para trabalhar menstruada?

Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis, por ansiedade,
Uma alface, no almoço, por vaidade
Ou, um canalha por saudade?

Que mulher nunca apertou
O pé no sapato para caber,
A barriga para emagrecer
Ou um ursinho para não enlouquecer?

Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que não pensa em silicone
Que "dele" não lembra nem o nome?

Só as mulheres para entenderem o significado deste poema!
Estamos em uma época em que:

'Homem dando sopa,
é apenas um homem distribuindo alimento aos pobres.'
'Pior do que nunca achar o homem certo
é viver pra sempre com o homem errado.'
'Mais vale um cara feio com você do que dois lindos se beijando.'
'Se todo homem é igual, porque a gente escolhe tanto???'
(não sei quem é o autor)

Visita de seu anjo

Só passei para saber ...
da sua saúde esperando
sempre que esteja bem,
da sua casa rezando
para que esteja em Paz,
da sua família esperando
que esteja em harmonia,
de seu trabalho desejando
um enorme progresso,
dos seus problemas mais bobos
almejando uma solução,
das suas finanças aspirando
que você prospere,
da sua vida sentimental torcendo
para que tenha um amor,
das suas preocupações pedindo a
DEUS que você encontre tranqüilidade,
se você se sente só tomara
que perceba que estou sempre aqui,
se sente em total abandono quero
que encontre apoio na FÉ,
Só passei para te desejar
Bom dia...
Boa tarde...
Boa noite....
E para que saiba que estará
sempre acompanhado (a)
pelo bom pensamento desse anjo,
E se ainda assim tudo lhe parecer escuro
e você sentir que nada posso fazer,
Saiba assim mesmo que sempre
rezarei por você!
até sempre.....
<<Seu Anjo da Guarda>>
(não sei quem é o autor)

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