Jardins de água fartavam-nos de sol inchado em veias
pendendo como manga e eu era como dono de navio
altivo e digno. Que nem vogal aberta, abri portas para
a areia em repentina perda da memória.
Que o ar seja bebido tal um navio.
Tudo o que é brisa aflora nos terraços
e vibra nos sagarços sobre as vagas.
Apanhada na armadilha
Faz-se a treva manhã.
Estas as figurações do sonho:
uma placa de prata e um nome inscrito,
hoje apagado, gravado há muito,
muito tempo. E só. Os deuses nos convocam,
nos querem a todo porque nada querem,
riem de nós, perdem-nos ao nos buscar e às nossas
perguntas fazem ouvidos moucos,
não respondem senão ao eco oco.
Tudo perde o sentido mal é pronunciado.
de: Olga Savary