Ser feliz para sempre é o final que todos nós sonhamos para nossa história pessoal. A personagem de Pão e Tulipas estava sendo feliz pra sempre, até que descobriu que a felicidade muda de significado várias vezes durante o percurso de uma vida. Ninguém sabe direito o que é felicidade, mas, definitivamente, não é acomodação. Acomodar-se é o mesmo que fazer uma longa viagem no piloto automático. Muito seguro, mas que aborrecimento. É preciso um pouquinho de turbulência para a gente acordar e sentir alguma coisa, nem que seja medo.
Tem muita gente que se distrai e é feliz pra sempre, sem conhecer as
delícias de ser feliz por uns meses, depois infeliz por uns dias,
felicíssimo por uns instantes, em outros instantes achar que ficou
maluco, então ser feliz de novo em fevereiro e março, e em abril
questionar tudo o que se fez, aí em agosto, ser feliz porque uma
ousadia deu certo, e infeliz porque durou pouco, e assim sentir-se
realmente vivo, porque cada dia passa a ser um único dia, e não
mais um dia.
Eu não gosto de montanha-russa, o brinquedo, mas gosto de
montanha-russa, a vida. Isso porque creio possuir um certo grau de
responsabilidade que me permite saber até que altura posso ir e que
tipo de tombo posso levar sem me machucar demasiadamente:
alto demais não vou, mas ficar no chão o tempo inteiro não fico.
Viver não é seguro. Viver não é fácil. E não pode ser monótono.
Mesmo fazendo escolhas aparentemente definitivas, ainda assim
podemos excursionar por dentro de nós mesmos e descobrir lugares
desabitados em que nunca colocamos os pés, nem mesmo em
imaginação. E estando lá, rever nossas escolhas e recalcular a
duração de “pra sempre”. Muitas vezes o “pra sempre”não dura
tanto quanto duram nossa teimosia e receio em mudar.
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