
"Pássaro com forma de moça, que há aí de mais delicado?
Não se lhe vêem as asas, mas ouve-se-lhe o gorjeio. Canta `as vezes.
Na tagarelice está abaixo do homem; no canto, está acima dele.
Tem mistérios aquele canto; uma virgem é o invólucro de um anjo.
Feita a mulher, desaparece o anjo; volta, porém, depois trazendo
uma alma de criança`a mãe. Esperando a vida, aquela que há de ser
mãe algum dia, conserva-se muito tempo criança, a menina persiste
na moça; é uma calhandra. Pensa-se, ao vê-la : que boa que ela é em
não bater as asas para ir-se embora!"
(em 'Os trabalhadores do mar')
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