estrelas da madrugada
pelas campinas do vento,
fui falar ao eco antigo,
a cuja voz fui criada,
e que supus meu amigo.
"Sou sempre a de antigamente",
murmurei-lhe, enternecida.
E ele anunciou longe: 'Mente!'
Mas era a minha verdade
e, vendo-me assim descrida,
padeci com a falsidade.
"Eco amigo, eu não te iludo:
pastora sou destes prados
onde se confunde tudo;
mas sou de ontem e de agora,
dentro dos despedaçados
instantes de nenhuma hora...
A amargura não me aumentes..."
E o eco antigo, infiel e exato,
repetiu-me perto: 'Mentes...'
Vergada em móveis espelhos,
vi nas águas meu retrato,
chorei sobre mim, de joelhos.
Mas o gado que pascia
pelas colinas da aurora,
mascando as margens do dia,
veio a mim sem que o esperasse,
lambeu-me os olhos de outrora,
– reconheceu a minha face.
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