Na ponta do morro,
mulheres descalças
põem flores nas jarras
da capela de ouro.
As jarras são feias,
têm asas quebradas.
Também as toalhas
se esgarçam nas rendas.
As mulheres passam,
com gestos antigos,
entre crucifixos
e auréolas de prata.
Seus gestos são os mesmos
gestos de outras datas,
dentro de outras raças,
longe, noutros templos.
Mas não sabem disso,
e mudam, nas jarras,
as flores e a água
com o jeito submisso
de quem se contenta
em ser sombra vaga
da Vida Sonhada
por toda a existência.
(Poesia Completa, Canções)
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